Quem faz Economia Verde no Amazonas - Flávio Freitas

14/09/2023 Sara Araújo

A influência de um professor pode gerar frutos valiosos para a humanidade. Foi na faculdade que o cientista Flávio Freitas encontrou referências para trabalhar na Economia Verde, embora sempre tivesse afinidade com a área. A química verde - abordagem sustentável e ambientalmente consciente para aplicação da química e dos processos químicos - é o forte dele.

“Tive meu primeiro contato com a área em 2007, quando comecei a trabalhar no laboratório de Química Ambiental da UFC. Além de atuarmos em projetos que preservavam a lagoa da Universidade, também atuamos com o desenvolvimento de despoluentes a partir de resíduos”, lembra. 

De lá para cá, são 16 anos em que o Químico e Pesquisador sênior responsável pela Central de Química Analítica do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) atua na inovação e economia verde

Ele desenvolve produtos utilizando resíduos da região Amazônica, como sementes de açaí, tucumã e cupuaçu, folhas e coroas de abacaxi, cascas e fibras de frutos. Um exemplo é o bioplástico, material altamente biodegradável feito a partir de resíduos da produção de farinha e camu-camu.

Flávio com a equipe que coordena da Central de Química Analítica do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA). Arquivo Pessoal/ Flavio Freitas.
Flávio com a equipe que coordena da Central de Química Analítica do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA). Arquivo Pessoal/ Flavio Freitas.

 

A rotina de trabalho é intensa e ele diz amar a bancada, lugar onde são preparadas as amostras. Diversos projetos na área de sustentabilidade são coordenados por Flávio e entre o tempo de escrever um projeto ou um artigo, uma reunião ou um evento, ele ainda consegue tempo para fazer uma reação ou outra.

“Trabalhamos na extração de óleos e manteigas, bem como desenvolvimento de novos catalisadores para aplicação na síntese de biodiesel; trabalhamos também na extração de celulose para a indústria de papel”.
Flávio é graduado em química Industrial pela Universidade Federal do Ceará(UFC), ele também possui mestrado e doutorado em química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Arquivo Pessoal/ Flavio Freitas.
Flávio é graduado em química Industrial pela Universidade Federal do Ceará(UFC), ele também possui mestrado e doutorado em química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Arquivo Pessoal/ Flavio Freitas.

 

O cientista desenvolveu parte do doutorado na Universitá di Pisa na Itália. Em 2017, teve um projeto aprovado pela CAPES e conseguiu realizar o pós-doutorado pela Curtin University na Austrália. Ele busca na economia verde e na inovação, influenciar pessoas para transformar o mundo.

“Assim, a busca por colocar na cabeça das pessoas que temos que mudar nossos hábitos, que temos que poluir menos, que temos que evitar os plásticos, que seria melhor todos andar de ônibus, é um grande e complexo desafio”. 

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Mais sobre Flávio

Nascido em São Miguel (RN), para ele, os estudos foram uma grande conquista. Como estudante de escola pública e de família humilde, obteve títulos de mestrado e doutorado em uma das melhores universidades do Brasil, sempre dependendo da bolsa de estudos. Os preconceitos foram superados.

“As indicações a prêmios e o grande interesse de pessoas no nosso trabalho mostram que os resultados que temos publicado em revistas nacionais e internacionais são também de certa forma uma conquista realmente relevante”, diz o especialista.
Flávio é motivado por desenvolver projetos que beneficiam as pessoas e o meio ambiente. Foto: Arquivo Pessoal/ Flavio Freitas.
Flávio é motivado por desenvolver projetos que beneficiam as pessoas e o meio ambiente. Foto: Arquivo Pessoal/ Flavio Freitas.

 

O bioplástico, produto feito a partir dos resíduos da produção de farinha, para ele, foi um projeto de impacto no Estado. O estudo ficou conhecido quando surgiu a problemática das sacolas plásticas.

“Mostramos que seria possível usar esse bioplástico para produzir essas sacolas que acabam poluindo o nosso meio ambiente. Nossos resultados mostram que ao entrar em contato com o solo ou água, ele degrada totalmente em torno de 30 dias”.