Quem faz Inovação no Amazonas – Antônia Franco
26/05/2023 Sara Araújo
Ela está no comando de uma das maiores instituições deste País. Antônia Maria Ramos Franco Pereira, é pesquisadora e atualmente está na direção do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, o Inpa.
A carioca de 61 anos mantém uma rotina corrida de reuniões, apresentações, orientação de alunos, assina e viabiliza parcerias institucionais, participa de eventos e comitês, atrai investimentos na Ciência, Tecnologia e Inovação, e muito mais!
Embora atualmente a Amazônia seja sua casa, não foi aqui que tudo começou. A experiência científica de Antônia iniciou na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do Rio de Janeiro, local onde fez Mestrado e Doutorado.
A experiência na pós-graduação proporcionou a participação de Antônia em um programa pela CAPES no departamento de epidemiologia da Universidade de Yale, EUA, além de projeto da comunidade europeia Horizon 2020.
“Com certeza essa é minha vida e minha área de interesse. A inspiração sempre acontece durante a nossa jornada profissional mesclada com a vida pessoal, em pequenas situações - amigos, orientadores, livros, professores. E tudo iniciou com a observação e a proximidade com a natureza na infância”.
São muitas inspirações pelo caminho. Há 23 anos, desenvolver estudos imunológicos num ambiente sem infraestrutura era difícil. Ela lembra da Dra Maria Deane, durante o mestrado. Antônia ficou sem bolsa nesse período e foi convidada a trabalhar na área de impacto ambiental, inclusive, analisando relatórios feitos pelas equipes do Inpa.
“As palavras dela quando fui para a área da consultoria foram: vamos jogar uma moeda e decidir o que é importante nesse momento, a ciência ou o dinheiro? Minha resposta foi: ciência, pois finalizei a dissertação, e o dinheiro porque aceitei o emprego sem sair da pesquisa. A inspiração veio de muitos lados, inclusive o desafio de sobreviver!”, lembra
Antônia nunca pensou muito em conquistas, mas em ter resiliência para continuar, mesmo quando o caminho era e é tortuoso, e a vencer desafios. Conta que se as maiores conquistas significam iniciar e terminar, então elas são diversas.
“Para mim, nada foi fácil ou oferecido (por conhecimento de alguém ou indicação). Sempre tudo muito batalhado: as seleções que participei e me dediquei; a defesa de Mestrado e Doutorado; as submissões e aplicações para obtenção de bolsas de estudo”.
Trabalhando na Amazônia, ela realizou diversos estudos em campo e vivenciou os problemas sociais existentes, a ocorrência de doenças tropicais, principalmente e atestou casos de sucesso para a região, dando soluções inovadoras.
“Nosso grupo de pesquisa, comprovou a eficácia da planta (Libidibia ferrea) no tratamento da leishmaniose. Também, com o uso da nanotecnologia, desenvolvemos um medicamento tópico menos invasivo em forma de creme para ser utilizado nas lesões cutâneas dos pacientes acometidos pela doença”.
Antônia é otimista e conta que teve a oportunidade de acompanhar o crescimento da tecnologia e da inovação no Amazonas. Para ela, precisamos de muito mais, de equiparmos melhores nas instituições amazônicas, além de investimentos na capacitação e na absorção de recursos humanos.
Leia Também: Quem faz tecnologia no Amazonas? Tanara Lauschner